OGM (texto de opinião de Maria do Rosário)
Não! Esta é a minha única resposta possível para a pergunta: Concordas com a produção de alimentos transgénicos? Os alimentos transgénicos são, de facto, uma espectacular amostra dos avanços da biotecnologia, mas um péssimo exemplo de uma aplicação.
Pela primeira vez na história do planeta Terra, a evolução natural está a ser substituída pela manipulação genética das espécies. Como diria Karl Popper, A ciência será sempre uma busca e jamais uma descoberta. É uma viagem, nunca uma chegada. A manipulação genética é um ramo da ciência que não se contenta com a busca da verdade dos fenómenos que nos rodeiam, altera essa verdade, implica transformação! O Homem deixou de se debruçar exclusivamente nos fenómenos naturais, passando a participar neles. E isto, é sem dúvida um risco, uma incógnita para a vida na Terra tal como a conhecemos nos dias de hoje.
Os alimentos geneticamente modificados têm de facto grandes vantagens a nível económico, mas podem ter consequências catastróficas. Actualmente, quando se fala em OGM’s (organismos geneticamente modificados) a dúvida subsiste relativamente à saúde pública e ao impacto ambiental.
Quanto à saúde pública, a preocupação deve-se maioritariamente ao facto de os conhecimentos sobre o genoma humano e das espécies consumidas serem ainda muito básicos. Com a biotecnologia o Homem “brinca” como os genes, podendo resultar problemas como o aumento da toxicidade dos alimentos e a criação de bactérias resistentes aos antibióticos utilizados, pondo em risco a espécie humana.
Analisando agora o possível impacto ambiental, é inevitável referir a diminuição da variabilidade genética das espécies, pois as plantas transgénicas, por terem genes que lhes permitem sobreviver em ambientes hostis, podem vir a sobrepor-se às demais espécies e a conduzir a extinção de muitas delas.
Mas existem argumentos a favor da produção de organismos geneticamente modificados, como por exemplo, o fim da fome mundial. De facto, com os alimentos transgénicos, o Homem ganha a capacidade de produzir alimentos em maiores quantidades, alguns deles mais ricos em nutrientes necessários à vida, mas a verdade é que a fome mundial não se deve à incapacidade de produção de alimentos para a elevada população mundial, mas à sua má distribuição. Desta forma, a extinção da fome a nível mundial deixa de ser um argumento a favor dos alimentos geneticamente modificados.
Existe ainda um outro argumento a favor de OGM’s, na minha opinião o mais plausível, que é a produção de bio diesel. Num planeta em que a energia é indispensável e a principal fonte energética escasseia (combustíveis fósseis), a energia renovável é a única solução possível. Actualmente é possível produzir bio diesel a partir de óleo de milho. Ao utilizar milho geneticamente modificado, seria possível produzir bio diesel de uma forma economicamente viável. Mas o impacto ambiental não deixaria de ser um problema, além de que existem outras fontes energéticas renováveis como o hidrogénio, menos agressivas ao ambiente, não sendo necessário recorrer à manipulação genética de espécies.
Opiniões à parte, os alimentos geneticamente modificados são uma realidade na dieta de milhões de pessoas, sendo que acho indispensável a identificação desses alimentos através da rotulagem. Todas as pessoas devem ter o direito de decidir, se querem ou não, adicionar alimentos geneticamente modificados à sua dieta.
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