Monday, October 30, 2006

Bioética (texto de opinião do Fábio Teixeira)

Ao longo dos tempos a maneira de encarar as situações de difícil decisão, e que normalmente geram polémica, têm vindo constantemente a mudar. Existiram grandes mudanças na história devido a esta constante modificação da ética na Humanidade. Com o avanço da ciência, abrem-se fronteiras para as quais ainda não estamos totalmente preparados para as ultrapassar. Por isso existe muita discussão à volta de certas questões, como por exemplo o aborto. É desses problemas que a bioética discute tentando chegar a um consenso sobre como deverá ser o futuro da humanidade.

Obtenção de Gâmetas fora do casal
Um dos pontos que gera alguma polémica é a obtenção de gâmetas fora do casal. A meu ver, não existe qualquer tipo de entrave a esse tipo de opção, visto que, um dos elementos do casal é estéril. Mesmo assim poderão existir algumas questões pertinentes. Estará o casal suficientemente preparado para ter um filho que biologicamente não é seu? Não deverá considerar seriamente a adopção, dando assim uma oportunidade a uma criança que se encontra desamparada? Se eventualmente a criança nascer com características marcadamente diferentes das dos pais, quais as consequências psicológicas para os progenitores e mais tarde para o filho? São questões que o casal deve ponderar com calma, e deverá ser tomada com a devida ponderação, e até poderá ser acompanhada por um psicólogo. Isto, para mais tarde não vir afectar o desenvolvimento social da criança.

Mães de Substituição
Mais uma vez nesta situação o problema que gera tanta discussão é o impacto psicológico que para além dos pais e consequentemente, já mais tarde para a criança, envolve uma terceira pessoa que será a mulher que “emprestou” o seu útero, visto que durante a gestação a mãe começa a afeiçoar-se ao filho. Depois do parto será bastante doloroso, a nível psicológico para a “mãe de substituição” separar-se de uma criança que esteve dependente dela durante nove meses. Por outro lado, a mãe não terá a intimidade que é natural com o seu filho, visto que o mesmo, não conhece a sua voz, entre outras coisas, que fazem com que haja uma relação especial entre mãe e filho, pelo menos nos primeiros meses de vida. É uma decisão que deve ser muito bem analisada antes de ser tomada. E principalmente, esta técnica apenas deve ser posta em pratica em casos extremos, não e como um negócio para as “mães de aluguer”, como actualmente acontece em muitos países.




Situações de monoparentalidade
Existem dois prismas por onde podemos avaliar a questão, são eles, a concepção de uma criança a partir de um banco de esperma, com a intenção de criar a criança sozinha, e adopção de uma criança, apenas por uma pessoa. Penso que dar a vida a mais uma criança que não tenha uma família completa é uma questão que nem deve ser posta em causa, porque a meu ver qualquer criança necessita de um pai e de uma mãe, visto os dois complementam a educação do seu filho. Por isso por mais condições materiais que a mãe possua, o seu filho, salvos algumas excepções, irá ter uma educação menos completa devido a inexistência de um pai na sua vida. Já a adopção é um caso bem diferente, e que no meu ponto de vista deve ser incentivado, desde que hajam as devidas condições, quer materiais, quer afectivas. Estas crianças abandonadas pelos pais normalmente vão para um orfanato, onde são tratadas por vezes de forma brutal e que por sua vez ficam com diversos traumas, muitas vezes irreversíveis. Quando são recebidas por uma família poderão ter uma educação equilibrada e crescerem de forma saudável, coisa que não sucedia num orfanato.

Produção de um filho de acordo com determinado padrão genético
Escolher o padrão genético pode ser visto de dois ângulos, a estética, e a solução de problemas à nascença. Por um lado escolhendo o padrão genético de cada um apenas haveria um limitado número de características nas pessoas e todas teriam um aspecto perfeito. Por outro lado evitaria muitas doenças etárias e certos tipos de deficiência à nascença. Sendo assim, a minha opinião em relação a este tema é que, para fins terapêuticos deve ser sem duvida uma solução eficaz para os problemas de nascença, já para ser usada para fins estéticos será certamente um erro, porque a meu ver não temos o direito de interferir na produção de um ser quando é para fins tão pouco úteis, como a beleza.


Aborto
Nestes últimos anos tem se falado muito no aborto, e põe-se a questão, será que a mulher que pratica o aborto é uma assassina? Na maioria dos casos de gravidez indesejada, concordo que haja interrupção de gravidez, visto que os pais provavelmente não poderiam dar as devidas condições ao seu filho, julgo que não temos o direito de dar vida a uma criança que depois irá sofrer pelo menos na sua infância, quer a nível material, quer a nível afectivo visto ter sido proveniente de uma gravidez indesejada. Por outro lado se a família tem condições para o filho viver, não vejo qual a razão para interromper a gravidez. Com o tema do aborto, vem também a questão da criança ser deficiente, a meu ver não é a criança deficiente que sofre mais, mas sim os pais, por isso neste caso defendo, que cada casal deve ter a sua opinião, e tomar a decisão certa sobre esta questão. Discutir, se poderá dar a devida assistência, entre outras questões deverá ser uma preocupação dos pais.
Também não concordo com o aborto quando praticado como método contraceptivo.
Muitas pessoas acham o método contraceptivo DIU é uma forma de aborto. A meu ver só de uma forma muito teórica é que podemos chamar esse método de forma de aborto, visto que, o embrião ainda está muito pouco desenvolvido. Para além disso, muitas pessoas são contra este método porque consideram que se está a matar um ser. Mais uma vez discordo porque esse “ser” é apenas um aglomerado de células que não têm qualquer percepção do que está à sua volta, e por isso, para mim, é como se não tivessem tido qualquer tipo de vivência, como acontece na realidade.

Clonagem
Este é um tema muito delicado, talvez o mais delicado dos temas abordados até agora. Não concordo de maneira alguma que se faça clonagem como meio de reprodução, porque não sabemos quais as implicações sociais é que esse feito iria ter, muito provavelmente o primeiro que clone que existisse, seria a pessoa mais famosa do mundo, e nunca seria vista da mesma forma que um comum ser humano é. Por isso, penso que esta técnica de reprodução é de um egoísmo tremendo por parte dos cientistas, talvez mais tarde possa ser considerada mas por agora, a sociedade não está de todo preparada para um passo desta envergadura na ciência.

Para se tornarem totalmente aceites, as questões que foram aqui abordadas terão que ser muito mais debatidas pelos comités de bioética, porque qualquer decisão vai mudar a humanidade em todos os sectores sociais pondo em risco a verdadeira essência humana.

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